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Sinais de Fogo merece o título de «grande livro» mais ainda do que de «grande romance». Jorge de Sena, já notável poeta nos anos 40, não teria podido então descrever com a acuidade rara com que o faz em Sinais de Fogo o labirinto amoroso, espaço de fúria, de êxtase, mas sobretudo de busca do que não se encontra, ou encontrado soçobra no dilaceramento, antes de se ter convertido no homem de experiência longamente amadurecida pelos anos e pela imersão no imaginário romanesco do Ocidente que lhe foi familiar como a ninguém mais da sua geração. Eduardo Lourenço Publicada após a morte do autor, Sinais de Fogo é a obra mais conhecida de Jorge de Sena e um dos romances maiores do século XX português. De Lisboa à Figueira da Foz, Jorge, estudante de boas famílias, relembra as histórias do seu vertiginoso Verão de 1936: seduziu a criada, frequentou bordéis, foi masturbado num eléctrico Estes e muitos outros episódios, tratados com vivíssima emoção por Jorge de Sena, dão-nos também um retrato de Portugal nos anos 30, em pleno Estado Novo, a Guerra Civil a incendiar a vizinha Espanha. Um romance em que se revela, com audácia, a irrupção da sexualidade, o choque da homossexualidade, a surpresa da libertinagem e, sobretudo. esse momento sublime que é a descoberta íntima, visceral e transformadora da poesia.
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